1.(UNEMAT) “Estou sentado junto da janela olhando a chuva que cai há três dias. Que saudade me fazia o molhado tintintinar do chuvisco. A terra perfumegante semelha a mulher em véspera de carícia. Há quantos anos não chovia assim? De tanto durar, a seca foi emudecendo a nossa miséria. O céu olhava o sucessivo falecimento da terra, e em espelho, se via morrer. A gente se indaguava: será que ainda podemos recomeçar, será que a alegria ainda tem cabimento?
Agora, a chuva cai, cantarosa, abençoada. O chão, esse indigente indígena, vai ganhando variedades de belezas. Estou espreitando a rua como se estivesse à janela do meu inteiro país. Enquanto, lá fora, se repletam os charcos a velha Tristereza vai arrumando o quarto.” COUTO, Mia. “Chuva: a abisonhada”. In: Estórias abensonhadas. São Paulo: Companhia das Letras, 2012. p. 43.Há mais de 20 anos (a primeira edição é de 1994), Mia Couto publicou o livro Estórias abensonhadas, uma coletânea de 26 contos. As estórias transitam entre ostemas de fins da guerra, de tradições moçambicanas ede utopias que povoam aquele momento do país. Neste
livro, no conto Chuva: a abensonhada, o autor articula esses temas numa linguagem poética e criativa,instaurando assim uma nova realidade, desafiando alógica que predomina na relação entre as pessoas e o mundo.
Considerando o conto Chuva: a abensonhada, assinale a alternativa correta.
a)A casa é referência limitada do narrador e da personagem Tristereza, que estão
enclausurados no passado, sem possibilidade de um recomeço.
b) A chuva é o motivo do pensamento do narrador, que vê nela a possibilidade de renovação e transformações positivas.
c) O narrador não é uma pessoa letrada, pois utiliza palavras que não existem, como perfumegante,Tristereza e indaguava.
d) A narrativa é conduzida por muitas personagens que aparecem como secundárias no
desenvolvimento da ação.
e) A presença de palavras como céu, terra, rua,país é um indicativo da vontade do narrador de participar da guerra.
2. (UFGD) A temática do tempo é recorrente nas narrativas de Mia Couto. No conto “Nas águas do tempo”, do livro Estórias abensonhadas (1996), o autor retoma essa questão. Nesta narrativa, qual é a maior preocupação do avô ao levar seu neto constantemente ao rio?
a) Eles vão ao rio diariamente para pescar.
b) Eles vão ao rio todo final de semana para nadar.
c) O avô transmite seus conhecimentos religiosos.
d) O avô repassa seus conhecimentos ocultos ao neto.
e) O avô prepara o neto para aceitar sua morte.
3. (UNEMAT) O cego Estrelinho era pessoa de nenhuma vez: sua história poderia ser contada e descontada não fosse seu guia, Gigito Efraim. A mão de Gigito conduziu o desvistado por tempos e idades. Aquela mão era repartidamente comum, extensão de um no outro, siamensal. E assim era quase de nascença. Memória de Estrelinho tinha cinco dedos e eram os de Gigito postos,
em aperto, na sua própria mão. O cego, curioso, queria saber de tudo. Ele não fazia cerimônia no viver. O sempre lhe era pouco e tudo insuficiente. Dizia, deste modo:
– Tenho que viver já, senão esqueço-me.
Gigitinho, porém, o que descrevia era o que não havia. O mundo que ele minuciava eram fantasias e rendilhados. A imaginação do guia era mais profícua que papaeira. O cego enchia a boca de águas:
– Que maravilhação esse mundo. Me conte tudo,
Gigito! A mão do guia era, afinal, o manuscrito da mentira. Gigito Efraim estava como nunca esteve S. Tomé: via para não crer. O condutor falava pela ponta dos dedos. Desfolhava o universo, aberto em folhas. A ideação dele era tal que mesmo o cego, por vezes, acreditava ver.
(…)COUTO, Mia. “O cego Estrelinho”. In: Estórias Abensonhadas. Portugal; Editotial caminho, 1994, pp.29 -30.
No excerto acima, retirado do conto “O cego Estrelinho”, é possível afirmar que Mia Couto utiliza de um procedimento estilístico para a construção narrativa, o da intertextualidade, que consiste no estabelecimentode relação com um texto já existente. Assim, Mia Couto traz um diálogo com um ditado popular “Ver para crer”, atribuído a São Tomé, um dos discípulos de Jesus Cristo na tradição cristã, que trazia como prerrogativa acreditar somente em algo concreto, naquilo que poderia ser visto ou constatado por ele. No entanto, Mia Couto traz nesse conto um sentido invertido desse ditado popular, ao invés da afirmação “Ver para crer”. Após sabermos que Gigito descrevia um mundo que não existia para o cego Estrelinho, o narrador afirma que “Gigito Efraim estava como nunca esteve S. Tomé: via para não crer”.Diante de tal constatação, considera-se que
a) ao inverter o sentido do ditado popular nesse conto, Mia Couto está radicalmente fazendo uma ruptura com uma tradição popular que não é de origem africana e sim cristã.
b) o uso do procedimento da intertextualidade nessa narrativa vem colocar Mia Couto como um escritor que radicaliza a forma tradicional da escrita do gênero conto.
c) é possível vislumbrar nesse conto dois tipos de visão, uma mais realista e a outra mais inventiva. A primeira se caracteriza pelo relato de uma realidade mais crua e dura, tal qual seria a descrição do mundo em que as personagens viviam, um mundo de miséria, de guerra e, para Estrelinho um mundo de escuridão, de cegueira. A outra visão, responsável pelo mundo inventado por Gigito, seria caracterizado pela representação de um mundo ideal, um mundo que poderia existir se não houvesse guerra.
d) No conto, o significado da inversão de sentido do ditado popular “Ver para crer” em “via para não crer” se refere ao ato do personagem Estrelinho fingir acreditar na descrição do mundo de fantasias que Gigito lhe contava.
e) Mia Couto traz uma crítica negativa a um mundo que “foge da realidade”, pois para ele é necessário viver a vida tal como ela é, viver no mundo como ele está, (mesmo sendo este mundo cheio de miséria e falta), para que o homem não se iluda por um mundo de fantasias que o tiram de sua verdadeira vida.
(PUC-GO) TEXTO PARA AS QUESTÕES 04 A 11
Chuva: a abensonhada
Estou sentado junto da janela olhando a chuva que cai há três dias. Que saudade me fazia o molhado tintintinar do chuvisco. A terra perfumegante semelha a mulher em véspera de carícia. Há quantos anos não chovia assim? De tanto durar, a seca foi emudecendo a nossa miséria. O céu olhava o sucessivo falecimento da terra, e em espelho, se via morrer. A gente se indaguava: será que ainda podemos recomeçar, será que a alegria ainda tem cabimento?
Agora, a chuva cai, cantarosa, abençoada. O chão, esse indigente indígena, vai ganhando variedades de belezas. Estou espreitando a rua como se estivesse à janela do meu inteiro país. Enquanto, lá fora, se repletam os charcos a velha Tristereza vai arrumando o quarto. Para Tia Tristereza a chuva não é assunto de clima mas recado dos espíritos. E a velha se atribui amplos sorrisos: desta vez é que eu envergarei o fato que ela tanto me insiste. Indumentária tão exibível e eu envergando mangas e gangas. Tristereza sacode em sua cabeça a minha teimosia: haverá razoável argumento para eu me apresentar assim tão descortinado, sem me sujeitar às devidas aparências? Ela não entende.
Enquanto alisa os lençóis, vai puxando outros assuntos. A idosa senhora não tem dúvida: a chuva está a acontecer devido das rezas, cerimónias oferecidas aos antepassados. Em todo o Moçambique a guerra está parar. Sim, agora já as chuvas podem recomeçar. Todos estes anos, os deuses nos castigaram com a seca. Os mortos, mesmo os mais veteranos, já
se ressequiam lá nas profundezas. Tristereza vai escovando o casaco que eu nunca hei-de usar e profere suas certezas:
— Nossa terra estava cheia do sangue. Hoje, está ser limpa, faz conta é essa roupa que lavei. Mas nem agora, desculpe o favor, nem agora o senhor dá vez a este seu fato?
— Mas, Tia Tristereza: não será está chover de mais?
De mais? Não, a chuva não esqueceu os modos de tombar, diz a velha. E me explica: a água sabe quantos grãos tem a areia. Para cada grão ela faz uma gota. Tal igual a mãe que tricota o agasalho de um ausente filho. Para Tristereza a natureza tem seus
serviços, decorridos em simples modos como os dela. As chuvadas foram no justo tempo encomendadas: os deslocados que regressam a seus lugares já encontrarão o chão molhado, conforme o gosto das sementes. A Paz tem outros governos que não passam pela vontade dos políticos.
Mas dentro de mim persiste uma desconfiança: esta chuva, minha tia, não será prolongadamente demasiada? Não será que à calamidade do estio se seguirá a punição das cheias?
Tristereza olha a encharcada paisagem e me mostra outros entendimentos meteorológicos que minha sabedoria não pode tocar. Um pano sempre se reconhece pelo avesso, ela costuma me dizer. Deus fez os brancos e os pretos para, nas costas de uns e
outros, poder decifrar o Homem. E apontando as nuvens gordas me confessa
— Lá em cima, senhor, há peixes e caranguejos. Sim, bichos que sempre acompanham a água.
E adianta: tais bichezas sempre caem durante as tempestades.
— Não acredita, senhor? Mesmo em minha casa já caíram.
— Sim, finjo acreditar. E quais tipos de peixes? Negativo: tais peixes não podem receber nenhum nome. Seriam precisas sagradas palavras e essas não cabem em nossas humanas vozes. De novo, ela lonjeia seus olhos pela janela. Lá fora continua chovendo. O céu devolve o mar que nele se havia alojado em lentas migrações de azul. Mas parece que,
desta feita, o céu entende invadir a inteira terra, juntar os rios, ombro a ombro. E volto a interrogar: não serão demasiadas águas, tombando em maligna bondade? A voz de Tristereza se repete em monotonia de chuva. E ela vai murmurrindo: o senhor, desculpe a minha boca, mas parece um bicho à procura da floresta. E acrescenta:
— A chuva está limpar a areia. Os falecidos vão ficar satisfeitos. Agora, era bom respeito o senhor usar este fato. Para condizer com a festa de Moçambique…
Tristereza ainda me olha, em dúvida. Depois, resignada, pendura o casaco. A roupa parece suspirar. Minha teimosia ficou suspensa num cabide. Espreito a rua, riscos molhados de tristeza vão descendo pelos vidros. Por que motivo eu tanto procuro a evasão? E por que razão a velha tia se aceita interior, toda ela vestida de casa? Talvez por pertencer mais ao mundo, Tristereza não sinta, como eu, a atração de sair. Ela acredita que acabou o tempo de sofrer, nossa terra se está lavando do passado. Eu tenho dúvidas, preciso olhar a rua. A janela: não é onde a casa sonha ser mundo?
A velha acabou o serviço, se despede enquanto vai fechando as portas, com lentos vagares. Entrou uma tristeza na sua alma e eu sou o culpado. Reparo
como as plantas despontam lá fora. O verde fala a língua de todas as cores. A Tia já dobrou as despedidas e está a sair quando eu a chamo:
— Tristereza, tira o meu casaco.
Ela se ilumina de espanto. Enquanto despe o cabide, a chuva vai parando. Apenas uns restantes pingos vão tombando sobre o meu casaco. Tristereza
me pede: não sacuda, essa aguinha dá sorte. E de braço dado, saímos os dois pisando charcos, em descuido de meninos que sabem do mundo a alegria de um infinito brinquedo.(COUTO, Mia. Estórias abensonhadas. 5. reimpr. São Paulo: Companhia das Letras, 2016. p. 43-46.)
4. No Texto, a chuva é “abensonhada” porque, além de ser “recado dos espíritos”, é esperada e sonhada pelo povo que vivia na seca e em conflitos. Considere essa afirmação, as falas da velha Tristereza sobre esse fenômeno natural e assinale a alternativa que indica, corretamente, a representação da chuva no texto de Mia Couto:
a)A chuva denota o cuidado de uma mãe que agasalha o filho friorento.
b) A chuva simboliza a retribuição do céu pelas riquezas oferecidas pelo mar.
c) A chuva representa a limpeza do sangue humano derramado pela guerra.
d) A chuva significa a tristeza daqueles que olham pela janela aguardando um dia de sol
5. Texto faz referência à chuva que cai, um processo que não envolve somente a água. Com ela vêm também partículas e gases da poluição. Especialmente quem vive em grandes centros urbanos precisa se preocupar com os males que a água da chuva pode desencadear. Assinale a alternativa correta sobre esse processo:
a)Sabe-se que a chuva é considerada ácida, quando seu pH está abaixo de 5,5. Há relatos de que, em determinadas regiões do planeta, a chuva apresentou um pH de 3. Isso equivale a uma concentração de íons hidrônio de 0,003 mol por litro.
b) Os óxidos de nitrogênio, carbono, sódio e enxofre são os principais responsáveis pelas chuvas ácidas.
c) A chuva também pode carrear macro e micronutrientes para o solo. Considerando que, em uma determinada região, haja uma precipitação de 1.000 litros de chuva por metro quadrado por ano e com ela sejam carreados 7 miligramas de partículas por litro, no final do ano, ter-se-ão depositado 7 gramas de partículas em 10 metros quadrados do solo.
d) Considerando que a quantidade de partículas provenientes da poluição nos céus de São Paulo pode variar entre 10 e 20 mil partículas por centímetro cúbico, uma pessoa inalando para seu pulmão 1 litro desse ar estará impregnando-o com uma média de 1,5 × 107 partículas.
6. “A Paz tem outros governos que não passam pela vontade dos políticos”, diz Mia Couto. Apesar desta posição, o chanceler Otto von Bismarck (1815-
1898) esforçou-se para, por meio da diplomacia, construir um sistema de alianças que evitasse a guerra, neutralizasse as tensões entre as potências e desse, ao mesmo tempo, vantagens ao império germânico. Assinale a alternativa que indica corretamente uma consequência da ruptura do sistema de equilíbrio proposto por Bismarck:
a) A eclosão da Primeira Grande Guerra Mundial, como consequência do assassinato de um príncipe do Império Austro-húngaro, em 1914.
b) A eclosão da Segunda Grande Guerra Mundial, devido à ascensão do novo chanceler, Adolf Hitler, e da invasão do território polonês pelo exército alemão.
c) A eclosão da guerra franco-prussiana, pela qual os franceses perderam territórios ricos em petróleo na fronteira ocidental.
d) A criação da Liga das Nações, que, além dos países da Europa central, admitiu no sistema diplomático representantes do Império Turco Otomano.
7. O texto menciona em vários trechos a chuva, um importante componente do complexo ciclo hidrológico, em que as plantas também têm participação por meio do processo de transpiração. Sobre o processo de transpiração vegetal, analise atentamente as proposições a seguir e marque a alternativa correta:
a) A única função da transpiração para um vegetal é o controle da temperatura pela mudança no estado da água de líquido para vapor.
b) A transpiração ocorre em estruturas denominadas hidatódios.
c) A água na forma líquida é transportada das raízes até as folhas por meio do sistema vascular, xilema e floema.
d) A transpiração nas folhas pode ocorrer por meio dos estômatos e da cutícula.
O conto Chuva: a abensonhada, de Mia Couto (Texto ), apresenta como personagens o narrador e a personagem Tristereza.
8. Assinale a alternativa correta em relação ao papel dessas duas personagens no que diz respeito ao fim da guerra e da estiagem no conto:
a) O narrador prevê o futuro da nação moçambicana; Tristereza questiona o porvir e o fim da guerra.
b) Ambas as personagens veem na ação das forças da natureza a possibilidade de destruição individual.
c) Ambas as personagens contemplam os acontecimentos como fatores incontroláveis pelo homem.
d) O narrador apresenta o conhecimento racionalizado; Tristereza reage aos fatos pela sabedoria dos antepassados.
9. In text , there are several digraphs in Portuguese, especially those with an ‘h’ preceded by an ‘c’, ‘n’ or ‘l’: molhado, mulher, chuva, chão, abensonhada, senhora.About the letter ‘h’ and the digraphs in English, it is correct to affirm that (mark the correct alternative):
a) There are many digraphs in English, but none of them uses the ‘h’ letter because it always sounds similar to the ‘rr’ in Portuguese, like in ‘horse’ and
‘house’.
b) Like in Portuguese, the digraph ‘ch’is pronounced as the ‘x’ sound by the overwhelming majority of speakers and the ‘lh’ and ‘nh’ digraphs denote palatal consonants.
c) The ‘h’ is silent in words like ‘hour’, ‘honest’, ‘heir’, ‘vehicle’, ‘ghost’, ‘ghetto’, ‘rhinoceros’, ‘rhyme’, ‘what’, ‘where’, ‘exhausting’.
d) The ‘h’ has a unique and specific sound in English and can never be silent like it is in Portuguese.
10. En el texto, se ven diversos dígrafos en lengua portuguesa, especialmente los formados por la ‘h’ antecedida de ‘c’, ‘n’ y ‘l’ (molhado, mulher, chuva, chão,
abensonhada, senhora). Sobre la letra ‘h’ en español, es correcto afirmar que (señale la alternativa correcta):
a) Es muy utilizada en dígrafos como en las palabras ‘alhaja’ (joya – adorno de metales o piedras preciosas), ‘inhumano’ (falto de humanidad), ‘corcho’ (tejido vegetal utilizado en la fabricación de tapones para botellas).
b) Es el único grafema del español que no representa en la actualidad ningún fonema, es muda, no forma parte de dígrafos y nunca se pronuncia, tanto al principio de uma palabra como precedida por otra consonante o entre vocales.
c) Como no hay dígrafos en español, la ‘h’ solo es pronunciada al inicio de palabras y suena de manera muy similar a como se pronuncia la letra ‘R’ en portugués; por eso es muchas veces sustituida por la ‘J’ en español.
d ) Muchas palabras que, en portugués, son grafiadas con ‘f’, en español, son escritas con ‘h’, tales como ‘ahijado’ – afilhado; ‘hambriento’ – (faminto); ‘hembra’ – fêmea; ‘hierro’ – (ferro).
11. No texto, faz-se alusão a uma chuva, cuja duração já é de três dias. As chuvas são fenômenos meteorológicos, que resultam da precipitação no estado líquido
ou sólido da água das nuvens na superfície da Terra e podem ser de três tipos: orográfica, com influência do relevo; convectiva, devido ao gradiente térmico; frontal,
por atuação de frentes de massas de ar com propriedades distintas. Acerca dos três tipos de chuva, suas características e locais propícios de ocorrência, assinale a alternativa correta:
a) Chuvas orográficas ocorrem quando massas de ar, ao encontrarem obstáculos como montanhas ou serras, entram em ascensão e condensam, formando chuvas muito comuns em todo o território brasileiro.
b) Na região Amazônica, o principal tipo de chuva é a orográfica, em decorrência do encontro dos ventos alísios do Nordeste e do Sudeste com a Cordilheira dos Andes.
c) Na região Centro-Oeste do Brasil, as chuvas frontais ocorrem, na maioria das vezes, pelo encontro de Massa Equatorial Continental com a Massa Polar Atlântica, podendo durar de um a três dias.
d) Durante o verão, nos grandes centros urbanos, as chuvas convectivas tendem a ser mais frequentes e têm como uma das principais características a sua longa duração.
12. (UFGD) O parágrafo reproduzido a seguir foi extraído de uma das obras literárias selecionadas para o Vestibular UFGD/2014:
Nessa noite, ele me explicou suas escondidas razões. Meus ouvidos se arregalavam para lhe decifrar a voz rouca. Nem tudo entendi. No mais ou menos, ele falou assim: nós temos olhos que se abrem para dentro, esses que usamos para ver os sonhos. O que acontece, meu filho, é que quase todos estão cegos, deixaram de ver esses outros que nos visitam. Os outros? Sim, esses que nos acenam na outra margem. E assim lhes causamos uma total tristeza. Eu levo-lhe lá nos pântanos para que você aprenda a ver. Não posso ser o último a ser visitado pelos panos. ―Me entende? Menti que sim. Na tarde seguinte, o avô me levou uma vez mais ao lago.
Considerando os temas e as características formais dos livros selecionados, é correto afirmar que a autoria do trecho acima é de:
a) Mia Couto, porque em Estórias Abensonhadas as falas dos personagens são destacadas em itálico.
b) José Lins do Rego, pois o falecido avô do “menino de engenho” retorna do mundo dos mortos para iniciar o menino no sobrenatural.
c) Nelson Rodrigues, pois as rubricas teatrais sempre estão destacadas em itálico na peça.
d) Mia Couto, porque o narrador em 3ª pessoa reflete sobre as crendices regionais do interior brasileiro.
e) José Lins do Rego, pois o menino narrador assombra-se com o sobrenatural e com a visita do fantasma do pai.
13. (UNEMAT) O cego Estrelinho era pessoa de nenhuma vez: sua história poderia ser contada e descontada não fosse seu guia, Gigito Efraim. A mão de Gigito conduziu o desvistado por tempos e idades. Aquela mão era repartidamente comum, extensão de um no outro, siamensal. E assim era quase de nascença. Memória de Estrelinho tinha cinco dedos e eram os de Gigito postos, em aperto, na sua própria mão. O cego, curioso, queria saber de tudo. Ele não fazia cerimônia no viver. O sempre lhe era pouco e o tudo insuficiente. Dizia, deste modo: — Tenho que viver já, senão esqueço-me. (…) Foi no mês de dezembro que levaram Gigitinho. Lhe tiraram do mundo para pôr na guerra: obrigavam os serviços militares. O cego reclamou: que o moço inatingia a idade. E que o serviço que ele a si prestava era vital e vitalício. COUTO, Mia. Estórias abensonhadas. São Paulo: Cia das Letras, 2012. O conto “O cego Estrelinho”, do livro Estórias abensonhadas, do escritor moçambicano Mia Couto, narra a história do cego e seu guia, Gigito Efraim. Quando Gigito é convocado a ir para a guerra, Estrelinho sente-se perdido. Considerando o excerto acima, o enredo e o desenvolvimento da narrativa, assinale a alternativa correta.
a)Quando Infelizmina se apaixona por Estrelinho, ela morre de tristeza
b) Quando Gigito parte para a guerra, Infelizmina, sua irmã, torna-se guia de Estrelinho.
c) Quando seu guia parte para a guerra, Estrelinho se desencanta para sempre com a vida.
d) Quando Gigito retorna da guerra, reencontra o amigo Estrelinho, e volta a ser seu guia.
e) Quando perguntam-lhe, Gigito diz que prefere a guerra a voltar ser guia de Estrelinho.
(PUC-GO) TEXTO PARA AS QUESTÕES 14 A 22
A velha engolida pela pedra Não sou homem de igreja. Não creio e isso me dá uma tristeza. Porque, afinal, tenho em mim a religiosidade exigível a qualquer crente. Sou religioso sem religião. Sofro, afinal, a doença da poesia: sonho lugares em que nunca estive, acredito só no que não se pode provar. E, mesmo se eu hoje rezasse, não saberia o que pedir a Deus. Esse é o meu medo: só os loucos não sabem o que pedir a Deus. Ou não se dará o caso de Deus ter perdido fé nos homens? Enfim, meu gosto de visitar as igrejas vem apenas da tranquilitude desses lugarinhos côncavos, cheios de sombras sossegadas. Lá eu sei respirar. Fora fica o mundo e suas desacudidas misérias. Pois numa dessas visitas me aconteceu o que não posso evitar de relembrar. A igrejinha era de pedra crua, dessa pedra tão idosa como a terra. Nem parecia obra de humano traço. Eu apreciava as figuras dos santos, madeiras com alma de se crer. Foi quando escutei uns bichanos. Primeiro duvidei. Eram sons que não se traduziam em nada de terrestre. Estaria eu a ser chamado por forças do além? Estremeci. Quem está preparado para dialogar com a eternidade? Os sibilos prosseguiam e, então, me discerni: era uma velha que me chamava […]: — Pssst, pssst. — Eu? — Sim, próprio você. Me ajude levantar. Tentei ajudá-la a se erguer. Desconsegui. Nem eu esperava peso tão volumoso daquela mínima criatura. […] A velha não conseguia desajoelhar-se. […] Que fazer? Me sentei ao lado da velha, hesitando em como lhe pegar. — Vá me ajude, me empurre deste chão. Depresse-se, moço, que já estou ficando pedra. […] — Espere: vou chamar mais alguém. — Não me deixa sozinha, meu filho. Não me deixe, por favor. Me levantei para espreitar: a igrejinha estava vazia. […]. […] Ainda me apliquei em novas forças, dobrei os intentos. Nem um deslizar da velha. De repente, eclatou o som iremediável de uma porta. Apurei os olhos na penumbra. Tinham fechado as pesadas portadas da igreja. Acorri, demasiado tarde. Chamei, gritei, bati, pés e mãos. Em vão. Tentava arrombar a porta, a velha me dissuadiu. Era pecado mais que mortal machucar a casa de Deus. — Mas é para sairmos, não podemos ficar aqui presos Contudo, a porta era à prova de forças. A verdade era que eu e a beata estávamos prisioneiros daquele escuro. Acendi todas as velas que encontrei e me sentei junto da velha. Escutei as suas falagens: sabe, meu filho, sabe o que estive a pedir a Deus? Estive a pedir que me levasse, minha palhota lá em cima já está pronta. E eu aqui já me custo tanto! Problema é eu já não tenho corpo para ir sozinha para o céu. Estou tão velha, tão cansadíssima que não aguento subir todos esses caminhos até lá, nos aléns. Pedi sabe o quê? Pedi que me vertesse em pássaro, desses capazes de compridas voações, desses que viajam até passar os infinitos. É verdade, filho. Esta tarde pedi a Deus que me vertesse em pássaro. E me desse asas só para me levar deste mundo. Adormeci nessa lenga-lengação dela. Me afundei em sono igual à pedra onde me deitava. Fiquei em total cancelamento: na ausência do ruído, dos queixumes e rebuliços da cidade. Acordei no dia seguinte, sacudido pelo padre: o que eu fazia ali, dormindo como um larápio, um pilha-patos? Expliquei o motivo da velha. — Qual velha?, perguntou o sacerdote. Olhei. Da velha nem o sopro. Não estava aqui uma senhora com os joelhos amarrados no chão? O padre, de impaciente paciência, me pediu que saísse. E que não voltasse a usar indevidamente o sagrado daquele lugar. Saí, cabistonto. Para além da porta, o mundo era de se admirar, coisa de curar antigas melancolias. A luz da manhã me estrelinhou as vistas. Nada cega mais que o sol. Naquela estonteação me chegou a repentina visão de uma ave, enormíssima em branquejos. Ali mesmo, à minha frente, o pássaro desarpoava, esvoando entre chão e folhagens. Acenei, sem jeito, barafundido. Ela sorriu-me: que fazes, me despedes? Não, eu não vou a nenhum lado. Foi mentira esse pedido que eu fiz a Deus. Aldrabei-Lhe bem. Eu não quero subir para lá, para as eternidades. Eu quero ser pássaro é para voar a vida. Eu quero viajar é neste mundo. E este mundo, meu filho, é coisa para não se deixar por nada desse mundo. E levantou voo em fantásticas alegrias. (COUTO, Mia. Estórias abensonhadas. 5. reimpr. São Paulo: Companhia das Letras, 2016. p.121-124.)
14. A palavra “pois”, empregada no início do segundo parágrafo do texto, pode ter diferentes sentidos, dependendo do contexto. No texto em análise, “pois” indica (assinale a resposta correta):
a) a introdução de uma nova ideia na sequência do texto, ao mesmo tempo em que se retoma parcialmente o conteúdo do que está no primeiro parágrafo a fim de que o texto progrida.
b) a introdução de uma explicação sobre a falta de fé do personagem, que completa a ideia apresentada no primeiro parágrafo do texto.
c) a apresentação de uma causa para a falta de fé do personagem e o reforço de sua opção de crença, já que é religioso sem religião e vive uma paz interior.
d) a apresentação de uma nova fase para o modo de crer do narrador, já que a aparição da velha reformulou seu modo de pensar.
15. Em “Naquela estonteação me chegou a repentina visão de uma ave, enormíssima em branquejos. Ali mesmo, à minha frente, o pássaro desarpoava, esvoando entre chão e folhagens”, fragmento do texto, encontramos uma alusão às aves, um grupo que exerce grande importância ecológica. As aves são animais vertebrados cuja dieta alimentar é bastante diversificada conforme a espécie. Por isso, elas apresentam um sistema digestório bastante complexo. Entre as alternativas a seguir apresentadas, marque aquela que corresponde à função do proventrículo no sistema digestório das aves:
a) Reabsorver a água e eliminar os resíduos digestivos.
b) Secretar enzimas para a digestão química.
c) Armazenar alimentos.
d) Fragmentar mecanicamente os alimentos.
16. In the sentence “Eu quero ser pássaro é para voar a vida”. Select the option that best conveys the meaning of the word life. Choose the alternative correct:
a) Careful use will prolong the life of your machine.
b) He had a happy life.
c) He is studying marine life.
d) The lifebelt looked badly demaged
17. Considere el siguiente fragmento del texto: “Estive a pedir que me levasse, minha palhota lá em cima já está pronta. […] Pedi sabe o quê? Pedi que me vertesse em pássaro”. Señale la alternativa a seguir que presenta una traducción correcta al español, conforme el contexto de la narrativa:
a) Estuve a pedir que me llevase, mi cabaña allá arriba ya está pronta. […] Pedí ¿sabe lo qué? Pedí que me vertese en pájaro.
b He estado pidiendo que me llevara, mi cabaña allá arriba ya está lista. […] He pedido ¿sabe qué? He pedido que me vertiese en pájaro.
c) Estube a pedir que me llevara, mi cabaña allá a riba ya está pronta. […] Pedí ¿sabe el qué? Pedí que me vertiera en pájaro.
d) Tengo estado pidiendo que me llevase, mi cabaña allá a riba ya está lista. […] Tengo pedido ¿sabe qué? Tengo pedido que me vertera en pájaro.
18. No texto, a narrativa expõe fatos improváveis, contrários à lógica, próximos à irrealidade, como a petrificação de um ser humano, que depois se transforma em pássaro. Tal situação pode remeter-nos a estados alucinatórios, passíveis de serem experimentados por pessoas dadas ao consumo excessivo de álcool. No Brasil, o álcool é obtido pela fermentação do açúcar da cana. A sacarose (açúcar da cana), mais água, na presença de uma enzima específica, produz glicose e frutose. Esses monossacarídeos, mais a enzima específica (fermentação), produzem etanol e gás carbônico. Os álcoois podem sofrer reações de desidratação intramolecular e intermolecular e produzir alceno e éter, respectivamente. Marque a alternativa que corresponde ao produto de reação intramolecular e intermolecular do propan-1-ol:
a) Buteno e éter dietílico.
b) Prop-1-eno e éter dietílico.
c) Buteno e éter dipropílico.
d ) Prop-1-eno e éter dipropílico.
19. A prosa de Mia Couto aproxima-se da poesia em razão de caracteres estilísticos muito peculiares da linguagem como as metáforas, a ironia, os recursos sonoros, semânticos, lexicais, sintáticos. no texto, eles contribuem para a identificação entre o narrador e “a velha engolida pela pedra”. Assinale a alternativa correta em que o trecho transcrito não apresenta um neologismo:
a) “Adormeci nessa lenga-lengação dela.”
b) “A luz da manhã me estrelinhou as vistas.”
c) “Nada cega mais que o sol.”
d) “Tentei ajudá-la a se erguer. Desconsegui.”
20. No texto, temos a passagem “Eu quero ser pássaro é para voar a vida”. O desejo humano por voar levou-o à construção de artefatos, como o balão de ar quente. Suponha que em um dia perfeito de primavera, uma pessoa em Goiânia flutue em um balão de ar quente de peso total de 30000 N, sem acelerar para cima ou para baixo. Marque entre as alternativas a seguir aquela que representa corretamente o peso e o volume de ar deslocado pelo balão: Dado: módulo da aceleração da gravidade g = 10 m/s2 ; densidade do ar ρ = 1,2 kg/m3 .
a) 18000 N e 2500 m3 .
b) 18000 N e 3600 m3 .
c) 30000 N e 2500 m3 .
d) 30000 N e 3600 m3 .
21. Em uma passagem do texto, temos a expressão “A igrejinha era de pedra crua, dessa pedra tão idosa quanto a terra”. Considere tanto o processo de formação da Terra quanto o das rochas que a compõem, e marque a seguir a alternativa correta:
a) O processo de formação da Terra teve início há aproximadamente 4,56 bilhões de anos e se deu pela consolidação de rochas em regiões do manto terrestre.
b) O processo de formação e consolidação da crosta continental ocorreu por meio de rochas ricas em silício e magnésio.
c) As rochas formadoras da Terra desempenham papel importante na vida das sociedades, uma vez que a partir delas é possível retirar matéria prima, bem como fabricar instrumentos.
d) Rochas sedimentares se formam a partir da consolidação do magma advindo das porções mais internas da Terra.
22. A passagem do texto que fala de “sons que não se traduziam em nada de terrestre” remete-nos a edificações em forma semielipsoide, uma forma geométrica espacial obtida pelo giro de uma elipse em torno de seu eixo maior. Construídas dessa forma, as edificações se transformam em salas de sussurro, isto é, uma vez que duas pessoas se localizem nos focos da elipse, elas poderão se comunicar por meio de sussurros, mesmo estando relativamente distantes uma da outra. Considere que a altura máxima de uma igreja semielipsoide seja de três metros e que seu comprimento máximo seja de dez metros. Supondo-se um sistema de modo que a sua origem seja o centro da elipse e o comprimento esteja sobre o eixo x, pode-se deduzir que um dos focos dessa elipse possui (assinale a alternativa correta):
a) abscissa – 4.
b) ordenada – 4.
c) abscissa – 5.
d) ordenada – 5.
(PUC-GO) TEXTO PARA AS QUESTÕES 23 A 32
O poente da bandeira
Aurorava. O sol dava as cinco. As sombras, neblinubladas, iam espertando na ensonação geral. No topo das árvores, frutificavam os pássaros. Toda madrugada confirma: nada, neste mundo, acontece num súbito. A claridade já muito espontava, como lagarta luzinhenta roendo o miolo da escuridão. As criaturas se vão recortando sob o fundo da inexistência. Neste tempo uterino o mundo é interino. O céu se vai azulando, permeolhável. Abril: sim, deve ser demasiado abril. Agora, que a aurora já entrou neste escrito, entremos nós no assunto. Nesta manhã tão recente, uma criança vem caminhando. Quem é este menino que faz do mundo outro menino? Deixemos seu nome, esqueçamos seu lugar. Dele se engrandece apenas a avó: que o miúdo tem intimidades com o mundo de lá. De quando em quando, a criança lhe estende a faca e pede: — Me corte, avó! Para sonhar o menino tinha que sangrar. A avó lhe cedia o jeito, habituada à lâmina como outras mães se acostumam ao pente. O sangue espontava e o mundo presenciava o futuro, tivesse a barriga prenhe do tempo encostada em seu ouvido. Ditos da velha, quem se fia? Confirmado é que o menino segue por aquela manhã. Seus pés escolhem as pedras, nem precisam dos olhos para se guiarem. O miúdo passa no municipal edifício, o único da vila. Seu rosto se ergue para olhar a bandeira. O pano dança dentro do céu, como luz que se enruga. Um velho coqueiro sem copa serve de mastro. As cores do pano estão tão rasgadas que nada nele arco-irisca. Os olhos do miúdo pirilampejam de encontro à luz: é quando o golpe lhe tombou. Deflagra-se-lhe a cabeça, extracraniana. A voz autoritarista do soldado lhe desce: — Você não viu a bandeira? Tombado no carreiro, sobre as pedras que antes evitava, o menino olha as cimeiras paragens. Um coqueiro lhe traz lembranças litorais. Onde há uma palmeira sempre deve ser inventado um mar, eternas ondas morrendo. Agora, rebatido no repentino solo, o menino estranha ver tanto céu. A pergunta lhe vem pastosa: porquê o chão, tão debaixo dele? Outro golpe, a bota espessa lhe levando o rosto ao encosto da terra. Fica assim, pisado, sem outra visão que a da areia vermelha. Seu pensamento se desarruma. Palmeira, palma do mar, onde o azul espeta suas raízes. Pergunta-se, com as devidas vénias: e se içassem não a bandeira mas a terra? Ceda-se o turno ao mundo. A voz lhe chega, baixada como um chicote:
— Você, miúdo, não aprendeu respeitos com a bandeira? Sente o sangue escorrendo, a bota do soldado ainda lhe dói uma última vez. Como pode saber ele os procedimentos exigidos pelo vigilante? Mas o soldado é totalmente militar: está só cumprindo ignorâncias, jurista de chumbo incapaz de distinguir um fora-da-lei de um da lei-de-fora. E o menino vai vislumbrando um outro caminho, tão sem pedrinhas que os pés nem tinham que escolher. Um caminho que dispensava toda bandeira. À medida que o soldado desfere mais violência, a bandeira parece perder as cores, a paisagem em redor esfria e a luz tomba de joelhos. É, então. Sucede coisa que nem nunca nem jamais: a bandeira, em inesperado impulso, se ergue em ave, nuamente atravessando nuvens. Fluvial, o pano migra para outros céus. No momento, se vê o quanto as bandeiras roubam aos azuis celestiais. Mas o espanto apenas se estreou, aquilo era apenas o presságio. Porque, no sequente instante, a palmeira se despenha das suas alturas fulminando o soldado, em clarão de rasgar o mundo em dois. Sobem confusas poeiras, mas depois a palmeira se esclarece, tombada em assombro, junto aos corpos. A árvore estava já morta, ainda houve o dito. Poucos criam. A crença estava com a avó, sua outra versão: o tronco se desmanchara, líquido, devido à morte daquela criança. Vingança contra as injustiças praticadas contra a vida. De se acreditar estavam apenas aquelas duas mortes, uma contra a outra. A palmeira sumiu mas para sempre ficara a sua ausência. Quem passe por aquele lugar escuta ainda o murmúrio das suas folhagens. A palmeira que não está conforta a sombra de um menino, sombra que persiste no sol de qualquer hora. (COUTO, Mia. O poente da bandeira. In: ______. Estórias abensonhadas. 5. reimpr. São Paulo: Companhia das Letras, 2016. p. 53-56.
23. Os trechos do texto a) “frutificavam os pássaros”, b) “arco-irisca” e (c) “Sucede coisa que nem nunca nem jamais” representam, respectivamente, exemplos de (assinale a resposta correta):
a) neologismo, metáfora e ironia.
b) ironia, elipse e metáfora.
c) elipse, metáfora e neologismo.
d) metáfora, neologismo e elipse
24. Em “A palmeira que não está conforta a sombra de um menino, sombra que persiste no sol de qualquer hora”, nota-se a referência a um fenômeno óptico, a sombra, que significa “região não iluminada”. A respeito dos princípios básicos que alicerçam a óptica geométrica, avalie as afirmações a seguir:
I – Em um meio homogêneo, ou seja, que apresenta as mesmas propriedades em todos os seus pontos, a luz se propaga em linha reta.
II – Tanto a Terra como a Lua projetam sombras quando a luz solar incide nelas. Uma Lua cheia é observada quando a Terra está entre o Sol e a Lua. Quando há o alinhamento perfeito, a Lua fica em uma região de sombra da Terra e ocorre um eclipse lunar.
III – Independentemente da posição da fonte de luz em relação a um objeto iluminado, a sombra formada não poderá ser menor que o objeto.
IV – Um edifício iluminado pelo Sol projeta uma sombra de 63 m em um solo horizontal. No mesmo instante, uma vara vertical de 2,1 m de altura, ao seu lado, projeta uma sombra de 3,0 m. Então, a altura desse edifício é de aproximadamente 44,1 m. Assinale a única alternativa cujos itens estão todos corretos:
a)I e II.
b) I, II e III.
c) I, II e IV.
d) II, III e IV.
25. Assinale a alternativa que, no conto “O poente da bandeira”, de Mia Couto, sintetiza o autoritarismo relacionado à tradição do respeito à bandeira:
a) O rosto do menino se ergue para olhar a bandeira.
b) O menino não segue os procedimentos do vigilante.
c) O soldado mata o menino com truculência.
d) O soldado morre em defesa da bandeira.
26. In text, Mr. Couto uses different punctuation marks. Read the sentences that follow and identify the marks:
I – O céu se vai azulando1 , permeolhável2 .
II – Abril:3 sim, deve ser demasiado abril.
III – —4 Me corte, avó!5 IV – — Você não viu a bandeira?6 Choose the correct sequence:
a)1 Comma, 2 full stop, 3 colon, 4 dash, 5 exclamation mark, 6 question mark.
b) 1 Comma, 2 period, 3 semi-colon, 4 hyphen, 5 exclamation mark, 6 question mark.
c) 1 Inverted commas, 2 full stop, 3 semi-colon, 4 dash, 5 exclamation mark, 6 question mark.
d) 1 Comma, 2 period, 3 colon, 4 bracket, 5 exclamation mark, 6 question mark.
27. El texto menciona una bandera que tiene como asta un coquero sin hojas. Las banderas siempre traen uno o más colores para representar una nación, ciudad o institución. Señale la alternativa en que todos los vocablos son nombres de colores en español y están correctamente deletreados:
a) Roxo, negro, blanco, azul.
b) Prieto, bermejo, morado, gris.
c) Naranja, amarindio, verde, marrón.
d) Rojo, vierde, lilás, beje.
28. O texto faz menção a uma árvore morta, o que é bastante comum em qualquer ecossistema. Após a morte de uma árvore, dá-se sua decomposição por diversos organismos, como, por exemplo, os fungos. Entre as alternativas a seguir, marque a única que contém uma afirmação correta sobre os fungos:
a) São organismos que se alimentam exclusivamente de matéria orgânica em decomposição.
b) Como as plantas, apresentam como material de reserva um polissacarídeo, o amido.
c) Apresentam uma parede celular composta por celulose e glicoproteína, uma característica intermediária entre vegetal e bactéria.
d) Algumas espécies produzem substâncias antibióticas, outras são comestíveis e bastante apreciadas na culinária.
29. O texto faz menção a um coqueiro. Embora não constitua um bioma, a Mata dos Cocais se extende por diversas regiões brasileiras. Acerca de sua localização e condições de ocorrência, analise as afirmativas a seguir:
I – A Mata dos Cocais é um tipo de cobertura vegetal situada principalmente entre as terras úmidas da Região Norte e as terras semiáridas do Nordeste brasileiro.
II – Um aspecto importante da Mata dos Cocais é a grande profundidade do lençol freático, o que condiciona a grande profundidade de suas raízes.
III – A Mata dos Cocais corresponde a uma faixa de transição das condições climáticas e consequentemente dos tipos de solo.
IV – Entre as principais características da Mata dos Cocais está o seu baixo porte, que geralmente fica abaixo dos demais tipos de vegetação. Em relação às proposições analisadas, assinale a única alternativa cujos itens estão todos corretos:
a)I e II. B
b) I e III.
c) I e IV.
d) II e IV.
30. O texto descreve magistralmente um nascer de sol. Embora o Sol seja fundamental à vida na Terra, ele representa um problema quando se pensa em viagens pelo espaço em espaçonaves tripuladas. Suas partículas energéticas e erupções podem danificar esses veículos no espaço. Outro grande problema são os raios cósmicos galácticos, que são constituídos de 90% de prótons, 9% de partículas alfa, e pouco menos de 1% de outros elementos mais pesados. Acredita-se que a origem dos raios cósmicos seja o espaço exterior e que eles viajem por toda a extensão do Universo. Assinale a alternativa correta sobre a natureza das radiações:
a) Partículas alfa possuem carga negativa e número de massa igual a 4.
b) Partículas alfa são essenciais na Medicina, pois os equipamentos de Raios X as emitem para obter radiografias de pacientes.
c) No decaimento radioativo, um núcleo emite partículas e radiações, e se torna cada vez mais instável.
d) As missões espaciais tripuladas devem dispensar maior cuidado com as partículas gama, pois elas apresentam um efeito fisiológico mais significativo, por possuírem maior poder de penetração que as partículas alfa e beta.
31. A ação narrada no conto “O poente da bandeira”, de Mia Couto, se passa em abril. Para Portugal, e suas ex-colônias, abril representa o tempo do despontar de uma aurora especial, pois é o mês em que foi destituído, com a Revolução de 25 de abril de 1974, o regime ditatorial que dominou o país por quase quarenta anos. O movimento possibilitou o reconhecimento da independência de Angola e de Moçambique, que se deu no ano seguinte. Acerca da descolonização da África, assinale a alternativa correta:
a) As lutas de libertação foram longas, e muitas excolônias permaneceram em guerra após a proclamação da independência, devido, principalmente, aos interesses das potências geopolíticas.
b) A descolonização da África foi gerada pela política sistemática da Organização das Nações Unidas (ONU) de promover a paz no continente e intervir nos conflitos, auxiliando o lado mais fraco.
c) A descolonização dos países africanos ocorreu rapidamente e principiou com a vitória do rei da Etiópia, Haile Selassie, sobre o exército de Mussolini, que demonstrou historicamente como povos mais fracos e menos desenvolvidos podiam vencer os europeus.
d) As lutas de libertação nacional das ex-colônias portuguesas iniciaram-se simultaneamente, pois, ao perceberem que a ditadura lusitana estava em seus últimos dias, Angola e Moçambique firmaram o acordo interétnico que resultou na superação das contradições internas e no estabelecimento da autonomia dos povos. O
32. Texto menciona o coqueiro, palmeira frutífera, planta monocotiledônea bastante conhecida em todo o Brasil. Entre as alternativas apresentadas a seguir, marque a única que contém a classificação associada ao grupo das palmeiras:
a) Angiospermas, espermatófitas, embriófitas, traqueófitas.
b) Gimnospermas, criptógamas, espermatófitas, haplonte.
c) Angiospermas, fanerógamas, esporofíticas, avasculares.
d) Gimnospermas, fanerógamas, espermatófitas, traqueófitas.